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A agenda ESG movimenta o mercado de capitais brasileiro

A agenda ESG movimenta o mercado de capitais brasileiro

04/10/2025 - 05:40
Robert Ruan
A agenda ESG movimenta o mercado de capitais brasileiro

Em 2025, o Brasil assume posição de protagonismo global na agenda ESG, impulsionando a transformação das finanças e atraindo olhares para práticas sustentáveis no mercado de capitais.

Contexto e relevância global

Ao sediar eventos como a COP30 em Belém (PA) e o PRI in Person, o país consolida seu papel de liderança em finanças com propósito climático. Essas iniciativas colocam o Brasil no epicentro do debate sobre responsabilidade climática e finanças sustentáveis.

A recente Resolução nº 193/2023 da CVM exige a divulgação de informações financeiras ligadas à sustentabilidade, alinhando companhias nacionais aos padrões internacionais do ISSB. Esse movimento fortalece transparência e confiança dos investidores, acelerando a adoção de métricas ESG robustas.

Números e tendências do mercado de capitais

Dados consolidados pela gestora Régia indicam captação de R$ 5 bilhões até janeiro de 2025, dos quais R$ 1 bilhão veio de migração de fundos de outras instituições. A meta é alcançar R$ 18 bilhões sob gestão neste ano e somar R$ 22 bilhões investidos em fundos sustentáveis no Brasil.

O Sistema de Comércio de Emissões (ETS) deve cobrir mais de 25% das emissões globais em 2024, abrindo caminho para um mercado regulado de carbono próprio em território nacional. A Lei nº 15.042/2024 apoia esse avanço ao estruturar regras claras para negociações de carbono.

Desafios e riscos a serem superados

Apesar dos avanços, muitas empresas enfrentam barreiras significativas. A não adaptação às novas obrigações de relatórios pode levar ao fechamento de portas para financiamentos sustentáveis e à perda de competitividade.

Outro ponto crítico é garantir a qualidade dos dados. Sem sistemas robustos de auditoria e fiscalização, cresce o risco de greenwashing e informações imprecisas, minando a credibilidade do mercado ESG no Brasil.

  • Coleta inconsistente de métricas ambientais
  • Falta de padronização em relatórios sociais
  • Governança corporativa fragilizada
  • Monitoramento insuficiente de metas climáticas
  • Desalinhamento com normas internacionais

Boas práticas e casos de sucesso

Grandes organizações nacionais já avançam na consolidação de políticas ESG. A Rede D’Or, por exemplo, implementou inventário de emissões e programas de eficiência energética, reduzindo custos e impactos ambientais.

A Renner adotou iniciativas de diversidade e inclusão em toda a cadeia produtiva, publicando métricas auditadas e metas claras de representatividade. A Vale, por sua vez, investe em restauração florestal e projetos de projeto de agricultura regenerativa inovador.

  • Adesão ao Pacto Global da ONU
  • Aplicação do GHG Protocol
  • Divulgação segundo TCFD
  • Engajamento em índices ESG da B3

Como as empresas podem se preparar

Para navegar neste cenário dinâmico, as organizações devem estruturar uma jornada de maturidade ESG, que inclua avaliação de riscos, definição de metas e engajamento interno.

Recomenda-se adotar as seguintes ações práticas:

  • Realizar um diagnóstico ESG completo mapeando lacunas e prioridades
  • Treinar equipes em relatórios ESG transparentes e auditados alinhados a frameworks globais
  • Implementar sistemas de coleta e análise de dados confiáveis
  • Estabelecer governança dedicada ao acompanhamento de metas
  • Dialogar com stakeholders e investidores para ajustar estratégias

Perspectivas para 2025 e além

O ano de 2025 marca o início de uma nova era para o mercado de capitais brasileiro, caracterizada por uma regulação crescente e pela busca por economia de baixo carbono. Espera-se que políticas públicas e inovações tecnológicas acelerem essa transição.

Projetos de biodiversidade e agricultura sustentável ganharão destaque, oferecendo oportunidades únicas para investidores que buscam retorno financeiro e impacto positivo no meio ambiente.

A colaboração com organismos multilaterais e a adoção de uma taxonomia sustentável brasileira clara serão fundamentais para atrair capital verde e posicionar o Brasil como um hub global de soluções climáticas.

Conclusão

À medida que o mercado de capitais se adapta às exigências ESG, abre-se um universo de possibilidades para empresas que desejam crescer de forma sustentável e responsável. A agenda ESG não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para garantir competitividade e impacto positivo duradouro.

O momento é agora: invista em inovação, fortaleça sua governança e abrace práticas que unam performance financeira e propósito socioambiental. Assim, o Brasil reforça seu papel de protagonista na transição para uma economia global mais justa e resiliente.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

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