Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a um movimento significativo de famílias empresárias optando pela abertura de capital como estratégia de crescimento sustentável. A decisão de ingressar na bolsa de valores deixou de ser um tabu e passou a representar caminho para expansão e inovação, atraindo olhares de investidores e fundos de private equity.
Historicamente, muitas empresas familiares resistiam à dispersão do controle e à exposição pública. No entanto, dados recentes mostram que, entre abril de 2024 e abril de 2025, o volume emitido por essas companhias saltou de R$ 55 bilhões para R$ 250 bilhões, demonstrando crescimento e perpetuação dos negócios em ritmo acelerado.
Esse renovado apetite por IPOs no Brasil é impulsionado pela maior maturidade do mercado financeiro, pela busca por acesso a capital para crescimento e pela demanda por oportunidades de liquidez. O histórico de ciclos de abertura de capital, que já havia experimentado picos em décadas anteriores, agora se consolida com novos atores e estratégias.
Empresas familiares encontram no IPO uma alternativa ao crédito bancário restrito e à dependência exclusiva de recursos próprios. A entrada em bolsa também amplia a visibilidade junto a fornecedores, clientes e parceiros estratégicos.
Antes de conquistar o selo de companhia aberta, as empresas devem investir na separação do patrimônio familiar dos ativos empresariais. A retirada de bens de uso pessoal, como obras de arte, do balanço corporativo é essencial para evitar distorções na avaliação de mercado.
Adotar práticas de governança robustas, como conselho de administração independente e comitês específicos, fortalece a confiança dos investidores. A preparação para auditorias externas e a adoção de normas internacionais de contabilidade são passos fundamentais para garantir transparência e solidez.
Um dos principais entraves é a visão conservadora de muitos empresários, que temem a perda de autonomia e a exposição a regras rígidas de compliance. Além disso, conflitos familiares em processos de sucessão podem atrasar projetos de abertura de capital e gerar insegurança jurídica.
A falta de educação financeira entre herdeiros também compromete a continuidade do negócio. Investir em formação e em planos de carreira claros para as novas gerações é vital para reduzir atritos e alinhar expectativas com as demandas do mercado.
A Comissão de Valores Mobiliários criou o regime FÁCIL da CVM, que simplifica e reduz custos para empresas de menor porte acessarem o mercado de capitais. Essa medida busca democratizar o IPO e torná-lo menos burocrático.
Além disso, iniciativas de estímulo fiscal e linhas de crédito específicas podem ser desenhadas para aliviar a carga tributária no período pré e pós-IPO, garantindo maior saúde financeira à companhia durante a transição.
O ingresso de empresas familiares na bolsa reforça o dinamismo do mercado acionário nacional, amplia o universo de ativos para investidores e fomenta a inovação tecnológica. A diversificação de setores e porte das companhias tende a atrair novos públicos e promover maior liquidez.
No médio e longo prazo, as empresas conquistam maior capacidade de investimento, fortalecem sua marca e asseguram a perenidade dos negócios. A expectativa é que a trajetória de IPOs continue em ascensão, acompanhando a transformação da economia brasileira.
Para quem considera abrir capital, o planejamento estratégico deve contemplar:
Escolher o momento adequado, com balanços consistentes e governança estruturada, faz toda a diferença. Empreender esse processo de forma planejada e transparente é a chave para transformar o IPO em um catalisador de crescimento e longevidade.
Referências