Em um cenário de crescente interconexão global, a China exerce papel central na dinâmica econômica mundial. Sua recente desaceleração traz desafios e oportunidades para o Brasil, país que mantém intensa relação comercial e de investimentos com o gigante asiático.
O ritmo de crescimento econômico da China desacelerou para menos de 5% ao ano em 2024–2025, segundo a estimativa da OCDE. Em 2024, o PIB avançou 4,9%, caindo para uma projeção de 4,5% em 2025.
No terceiro trimestre de 2024, a expansão foi de apenas 4,6% comparado ao mesmo período de 2023. Vários fatores explicam esse desaquecimento:
A China consolidou-se como o principal destino das exportações brasileiras, absorvendo US$ 100 bilhões em embarques no ano de 2023. A lista de produtos inclui minério de ferro, soja, celulose, alumínio, cobre, couro, carne bovina e diversos grãos.
Ao mesmo tempo, o volume de investimentos chineses no Brasil caiu para US$ 1,73 bilhão em 2023, segundo o CEBC, o segundo patamar mais baixo desde 2009. Essa redução reflete a estratégia mais cautelosa de grandes grupos internacionais.
Os efeitos da desaceleração na China repercutem de forma distinta em cada segmento da economia brasileira. A tabela a seguir ilustra esses impactos:
Em nível macro, a desaceleração chinesa provoca movimentos em várias frentes:
Apesar dos desafios, há janelas de oportunidade para o Brasil:
Por outro lado, a dependência excessiva do agronegócio pode expor o Brasil a choques externos, e a falta de diversificação em tecnologia e serviços limita o potencial de crescimento sustentável.
Em 2019, a China já vivenciou sua desaceleração mais acentuada em três décadas, com o PIB crescendo apenas 6,1%. Naquela ocasião, o governo reagiu com incentivos fiscais, maior oferta de crédito e megaprojetos de infraestrutura.
O cenário atual, entretanto, indica que mudanças estruturais profundas serão necessárias para retomar um patamar de crescimento robusto. Sem reformas demográficas, maior estímulo ao consumo interno e inovação tecnológica, o ritmo lento poderá se estender e continuar pesando sobre o comércio global.
A desaceleração da China apresenta um desafio inegável para o Brasil, mas também abre espaço para oportunidades de reposicionamento estratégico global. Governos, empresas e produtores precisam ajustar suas políticas e estratégias, apostando em diversificação, inovação e ganhos de produtividade.
Ao compreender detalhadamente os dados, impactos setoriais e cenários futuros, o Brasil estará mais preparado para enfrentar os ventos contrários e aproveitar as correntes favoráveis, construindo uma trajetória de crescimento sustentável e resiliente em um mundo cada vez mais interligado.
Referências