Nos últimos anos, os fundos multimercado passaram por um ciclo de oscilações significativas, refletindo a complexidade do cenário econômico global e local. Em 2024, observamos uma queda no volume de recursos, mas também uma forte recuperação no final do ano, mostrando a resiliência intrínseca ao modelo de gestão. Em abril de 2025, esses fundos responderam com o melhor resultado mensal de toda a série histórica, surpreendendo investidores e gestores.

Este artigo tem como objetivo analisar de maneira aprofundada o desempenho recente desses fundos, explorar as principais estratégias adotadas pelas gestoras e oferecer orientações práticas para quem deseja diversificar a carteira. A partir de dados oficiais e opiniões de especialistas, trazemos uma visão completa do mercado de fundos multimercado no Brasil.

Desempenho Recente e Histórico

A despeito da perda de aproximadamente R$ 350 bilhões em 2023, os fundos multimercado mostraram sinais de recuperação a partir de julho de 2024. Nesse período, o retorno acumulado chegou a 6,36%, superando indicadores de referência como o CDI e o Ibovespa. Abril de 2025 foi especialmente expressivo, com alta superior a 3% em média, o que pode ser considerado o melhor retorno mensal da sua história.

Essa retomada está atrelada a fatores como o ajuste das taxas de juros, oportunidades em derivativos e a crescente diversificação internacional. Muitos gestores aproveitaram a valorização de ativos no exterior, além de posicionamentos estratégicos em renda fixa atrelada à inflação.

Esse cenário ressalta a importância da gestão ativa e da capacidade de adaptação rápida diante das mudanças macroeconômicas. Enquanto alguns produtos tradicionais ficaram abaixo das expectativas, os fundos multimercado capturaram ganhos em diferentes classes de ativos, demonstrando grande flexibilidade operacional e estratégica.

Principais Estratégias Utilizadas

Os fundos multimercado se destacam pela diversidade de abordagens que podem adotar. Cada estratégia tem riscos e potencial de retorno distintos, sendo fundamental compreender o funcionamento de cada uma antes de investir.

• Estratégia Macro: baseia-se em análises de variáveis macroeconômicas, explorando movimentos em juros, câmbio e inflação.
• Estratégia Trading: foca em operações de curto prazo, aproveitando volatilidade e eventos pontuais do mercado.
• Long & Short: busca ganhos relativos montando posições compradas e vendidas em ações.
• Investimento no Exterior: aloca recursos em ativos internacionais, promovendo maior diversificação de risco.
• Quantitativo: utiliza algoritmos e modelos matemáticos para executar operações sem intervenção humana.
• Multiestratégia: combina diferentes abordagens, ajustando a alocação conforme a visão de mercado.

Cada uma dessas estratégias exige uma equipe especializada, sistemas de monitoramento robustos e disciplina para manter a gestão de risco sob controle. A missão das gestoras é encontrar o equilíbrio ideal entre retorno e volatilidade.

Como Selecionar Fundos Multimercado

Escolher o fundo multimercado certo envolve análise cuidadosa de diversos aspectos além do histórico de rentabilidade. Abaixo, apresentamos algumas recomendações práticas:

• Verifique a consistência dos resultados ao longo do tempo, não apenas picos isolados de alta performance.
• Analise o nível de correlação do fundo com benchmarks convencionais para saber o quanto ele diversifica sua carteira.
• Avalie taxas de administração e performance, considerando o impacto direto no retorno final do investidor.
• Observe o perfil de risco e a volatilidade histórica, compatíveis com seus objetivos financeiros.
• Conheça a equipe de gestão e a filosofia de investimento adotada, buscando transparência e experiência comprovada.

Além desses pontos, é recomendável acompanhar relatórios periódicos da gestora para entender mudanças na alocação e eventuais ajustes de política de investimento. A comunicação clara e frequente é um indicativo de compromisso com o cliente.

Tendências e Perspectivas para 2025

Para o restante de 2025, existe um otimismo cauteloso entre gestores de fundos multimercado. A expectativa é que a descorrelação entre diferentes classes de ativos continue oferecendo oportunidades de ganhos em cenários adversos. A combinação de uma Selic ainda atrativa e a retomada de fluxos externos favorece posições em renda fixa e moedas estrangeiras.

Observa-se também um movimento crescente de produtos que utilizam inteligência artificial para otimização de carteiras e previsão de cenários. Esses fundos, classificados como quantitativos, podem aprofundar a descorrelação em relação ao mercado e abrir espaço para novas fontes de alpha.

Em paralelo, a parte de crédito privado deve ganhar destaque, especialmente títulos estruturados que oferecem retornos ajustados ao risco. A gestão ativa será cada vez mais valorizada, já que a volatilidade persistirá diante de incertezas políticas e geoeconômicas.

Assim, quem planeja investir em fundos multimercado deve ficar atento às mudanças regulatórias, ao comportamento das grandes economias e ao fluxo de capital global. Fundos que conseguirem equilibrar exposição a juros altos e ativos de maior risco têm potencial de se destacar.

O desenvolvimento de soluções digitais para análise e acompanhamento de investimentos, aliado a um maior nível de educação financeira, deve fomentar o crescimento dessa classe de ativos no Brasil. Investidores mais informados podem aproveitar oportunidades de retorno ajustado ao risco de forma mais eficiente.

Por fim, recomenda-se diversificar dentro da própria categoria, distribuindo aportes em fundos com metodologias distintas para reduzir a exposição a um único tipo de estratégia e potencializar o efeito de diversificação.

Em um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico, a chave para o sucesso passa pela combinação de seleção criteriosa, monitoramento contínuo e adaptação rápida. Com as estratégias certas e um olhar atento ao cenário macro, os fundos multimercado continuam sendo uma opção sólida para diversificar investimentos e buscar retornos consistentes.