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O crescimento dos tokens utilitários no mercado brasileiro

O crescimento dos tokens utilitários no mercado brasileiro

18/05/2025 - 17:27
Bruno Anderson
O crescimento dos tokens utilitários no mercado brasileiro

Nos últimos anos, o mercado de ativos digitais baseados em blockchain passou por transformações profundas. A ascensão dos tokens utilitários redefine a forma como investidores, empresas e consumidores interagem com serviços digitais. Neste artigo, exploramos o desenvolvimento desse segmento no Brasil, apresentando dados, cases locais, o panorama regulatório e as perspectivas futuros.

Definição e contexto dos tokens utilitários

Tokens utilitários são representações digitais que conferem acesso a produtos, serviços ou benefícios futuros dentro de plataformas construídas sobre blockchain. Ao contrário dos tokens de segurança, cujo objetivo é representar direitos financeiros, os utilitários funcionam como “passaportes” para funcionalidades específicas, desde acesso a aplicativos descentralizados até descontos em marketplaces.

Na prática, a tokenização de ativos não tradicionais inclui direitos autorais, propriedade intelectual, créditos de carbono e até parcelas de obras de arte. Essa versatilidade amplia o escopo de investimentos e cria novas oportunidades de negócios, especialmente para pequenas e médias empresas que buscam capital de forma inovadora.

Os padrões técnicos, como ERC-20 e BEP-20, garantem interoperabilidade entre redes Ethereum, Binance Smart Chain e outras, tornando possível a circulação global de tokens utilitários com transparência e segurança.

Crescimento do mercado de tokenização

O potencial disruptivo da tokenização é refletido em projeções ambiciosas: o mercado global de ativos tokenizados pode atingir US$ 16 trilhões até 2030. Já em 2025, os ativos do mundo real (RWAs) cresceram 260% no primeiro semestre, de US$ 8,6 bilhões para US$ 23 bilhões.

  • Mais de R$ 2 bilhões movimentados em operações reguladas no Brasil apenas em 2025.
  • Adoção crescente em exchanges nacionais, com mais de 15 corretoras oferecendo pares de tokens utilitários.

Essa aceleração reflete não apenas o interesse institucional, mas também a chegada de milhares de investidores de varejo, atraídos pela democratização de ativos de alto valor.

Relatórios indicam que, em 2025, cerca de 5% da população adulta brasileira detém ou já negociou tokens utilitários, percentual que deve dobrar até 2027.

Principais vetores de crescimento

O avanço dos tokens utilitários no Brasil apoia-se em vetores claros:

  • Maior acessibilidade a pequenos investidores: ofertas públicas de tokens permitem participação com aportes a partir de valores acessíveis.
  • Negociação contínua 24/7: a jornada de compra e venda não se restringe a horários de bolsa, impulsionando a liquidez.
  • Auditoria pública em blockchain: registros imutáveis aumentam a confiança de todos os participantes.

Esses pilares são reforçados por inovações em carteira digital, interfaces de usuário mais amigáveis e integração com sistemas de pagamento tradicionais, tornando a experiência mais fluida para iniciantes.

Perfis dos ativos e cases locais

O setor de tokens utilitários no Brasil destaca-se por perfis de ativos diversificados. Dados de 2025 apresentam:

Empresas brasileiras vêm criando soluções inovadoras: plataformas de energia descentralizada em que tokens representam cotas de geração, projetos de tokenização de royalties musicais e marketplaces de NFTs atrelados a benefícios de consumo. Um case de destaque envolve créditos de carbono tokenizados emitidos por uma startup ambiental, gerando capital para projetos de reflorestamento.

Evolução regulatória no Brasil

O Brasil consolidou-se como referência em regulamentação de ativos digitais. A CVM conduz discussões avançadas para classificar tokens conforme seu uso e estrutura, amparada pela Lei de Crowdfunding. Entre as iniciativas, destacam-se:

• Aumento do limite de captação para R$ 15 milhões, com perspectiva de expansão futura.
• Proposta de modelo '135 Light' para simplificar a emissão de tokens de menor porte.
• Implantação de um depositário digital, assegurando custódia regulamentada.

Essas medidas proporcionam um ambiente regulatório claro e seguro, fundamental para consolidar a confiança de investidores e emissores no mercado nacional.

A semelhança com marcos internacionais, como o MiCA da União Europeia, reforça o protagonismo do Brasil em um cenário global competitivo.

Desafios e oportunidades

Apesar do avanço, o setor enfrenta desafios relevantes. A construção de infraestrutura robusta de blockchain e a capacitação de usuários sobre segurança digital são essenciais para evitar fraudes e vulnerabilidades. Além disso, a volatilidade das criptomoedas e a fluidez regulatória ainda podem gerar incertezas.

Em contrapartida, as oportunidades potencializam a inovação. A inclusão de pequenos investidores em ativos antes inacessíveis promove democratização financeira e inclusão. Novos produtos, como fundos tokenizados lastreados em imóveis ou commodities, abrem portas para a diversificação de carteiras.

Setores como sustentabilidade e energia renovável podem se beneficiar de mecanismos de financiamento via tokens, conectando investidores socialmente responsáveis a projetos de impacto ambiental.

Impacto internacional e protagonismo brasileiro

O modelo regulatório brasileiro tem atraído olhares internacionais. A SEC americana avalia práticas da CVM para possíveis adaptações, enquanto instituições como Goldman Sachs e Mastercard demonstram interesse em iniciativas tokenizadas no país.

Exchanges como Kraken e Binance firmam parcerias com corretoras brasileiras para lançar ofertas de tokens de empresas nacionais. Esse movimento confirma o modelo regulatório brasileiro de referência global e posiciona o Brasil como um celeiro de inovação em ativos digitais.

Perspectivas para 2025 e além

As projeções indicam que, até o final de 2025, o mercado brasileiro de tokens utilitários poderá ultrapassar R$ 5 bilhões em ativos emitidos. A liquidez nos mercados secundários tende a crescer, estimulada por plataformas especializadas e maior adoção institucional.

Novas categorias de tokens, como os lastreados em commodities agrícolas e imóveis rurais, prometem diversificar as oportunidades de investimento. A união entre tecnologia de ponta e regulamentação avançada prepara o terreno para um ecossistema robusto, onde a inovação e a segurança caminham lado a lado.

Em suma, o crescimento dos tokens utilitários no mercado brasileiro representa uma janela de transformação para o sistema financeiro. Com dados sólidos, cases inspiradores e um arcabouço regulatório sólido, investidores e empreendedores encontram um ambiente fértil para criar soluções que redefinirão a forma de interagir com ativos em todo o país.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson