Em um cenário global marcado por incertezas geopolíticas e mudanças climáticas, as variáveis que afetam as commodities tornam-se cada vez mais complexas. Instituições financeiras e gestores de fundos precisam se adaptar a um ambiente onde volatilidade dos preços das commodities ultrapassa níveis históricos.
Este artigo explora o panorama de 2025, fatores de oscilação, impactos nas carteiras institucionais e estratégias de proteção, oferecendo insights práticos para profissionais de investimentos.
De acordo com projeções do Banco Mundial, projeta-se queda de 12% nos preços globais em 2025 e mais 5% em 2026, atingindo o menor patamar em seis anos. Ajustados pela inflação, esses preços podem ficar abaixo da média de 2015-2019 pela primeira vez.
Em particular, os preços dos alimentos devem recuar 7% em 2025 e 1% em 2026, segundo a ONU, ainda que o nível nominal permaneça acima de 2020. No mercado de milho, a estimativa para 2025 varia entre R$ 73,20 e R$ 83,50 por saca no mercado físico, com contratos futuros negociados com prêmio de até 12% sobre o preço à vista.
A atual década apresenta máximos históricos de volatilidade nos preços das commodities, não vistos desde os anos 1970. Diversos fatores explicam esse fenômeno:
Para fundos de pensão, seguradoras e gestores de ativos, as commodities representam instrumentos-chave de diversificação. Sua correlação muitas vezes negativa com ações garante proteção contra inflação e choques de mercado.
No entanto, oscilações bruscas exigem rebalanceamentos rápidos. Exposição a setores como energia, metais e alimentos deve ser revisada constantemente, pois a performance de empresas produtoras tende a oscilar junto com os preços.
Adicionalmente, a valorização do dólar encarece importações no Brasil, comprimindo margens de seguradoras e fundos que usam derivativos em dólar para hedge.
Gestores institucionais têm recorrido a diversas táticas para conter riscos:
No mercado de milho, observou-se estabilidade entre R$ 75 e R$ 82 por saca em 2025, com leve tendência de valorização nos contratos futuros, sobretudo em cenários de oferta restrita por condições climáticas adversas.
O ouro continua sendo refúgio tradicional, com expectativas de valorização em 2025. A prata tende a seguir esse movimento, embora com maior volatilidade devido a sua dupla função industrial e monetária.
O café apresentou ciclos de alta sustentados pelo aumento do consumo na Ásia. Choques de demanda podem sustentar uma nova fase de valorização, reforçando a necessidade de análise de fundamentos antes de alocar recursos.
A desaceleração do crescimento mundial, após estímulos pós-pandemia e choques como a guerra na Ucrânia, demonstra uma possível transição para maior turbulência nos mercados. Mudanças estruturais, como aumento de renda em mercados emergentes, também alteram o perfil de demanda.
Profissionais de gestão de carteiras devem dominar os ciclos econômicos e possuir conhecimento aprofundado sobre fundamentos do setor de commodities. A capacidade de antecipar tendências e reagir rapidamente a eventos climáticos e geopolíticos torna-se critério básico de competência.
Entre os impactos mais imediatos, destacam-se os reflexos nas taxas de inflação global e local, pois commodities são determinantes do custo de vida. Oscilações rápidas nos preços se materializam em indicadores de inflação, afetando políticas monetárias.
Além disso, balanços de empresas listadas ajustam-se rapidamente a novos níveis de custos e receitas. Fundos de ações expostos ao setor de commodities devem incorporar análise fundamentalista rigorosa antes de ampliar participação.
Por fim, a expectativa de continuidade da elevada volatilidade reforça a importância de estratégias proativas de gestão de risco. Instituições que combinam proteção eficiente via derivativos, diversificação inteligente e monitoramento constante estarão melhor posicionadas para navegar neste ambiente desafiador.
Referências