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Value Investing no Brasil: Encontre Empresas Baratas e de Qualidade na Bolsa

Value Investing no Brasil: Encontre Empresas Baratas e de Qualidade na Bolsa

06/05/2025 - 01:10
Matheus Moraes
Value Investing no Brasil: Encontre Empresas Baratas e de Qualidade na Bolsa

O cenário para investidores que buscam oportunidades no mercado de ações brasileiro nunca foi tão desafiador e, ao mesmo tempo, tão promissor.

Contexto macroeconômico do Brasil em 2025

Segundo projeções do Ipea, o crescimento da economia brasileira deve atingir cerca de 2,3% em 2025, superando as expectativas iniciais do mercado.

Com a Selic em 15% ao ano, estamos diante de juros elevados e desafiadores, o que encarece o custo de capital e tende a desaquecer o apetite por ativos de risco. Ainda assim, a inflação segue controlada na faixa de digito médio (aproximadamente 5,5%) e o desemprego se mantém em patamar baixo, próximo a 7,8%.

No primeiro semestre de 2025, o Ibovespa subiu 15,4%, com destaque para o setor imobiliário, que registrou retorno de 46,4%. Enquanto isso, o real se valorizou 12,1% frente ao dólar, beneficiando empresas exportadoras e o setor industrial.

Conceito de Value Investing e adaptação ao Brasil

Value Investing é uma estratégia focada na aquisição de ativos negociados abaixo do seu valor intrínseco. No Brasil, isso se traduz em avaliar múltiplos como P/L, P/VP e dividend yield, além de indicadores de fluxo de caixa descontado.

Para aplicar essa abordagem, o investidor adota um processo bottom-up de seleção, buscando empresas com fundamentos sólidos e gestão eficiente, capazes de gerar caixa consistente e manter vantagens competitivas.

Esse tipo de oportunidade tende a surgir em momentos de pessimismo generalizado, quando a aversão ao risco provoca distorções significativas de preço, criando janelas para quem é paciente e disciplinado.

Por que o Brasil está barato?

O MSCI Brazil negocia hoje a 6,7x lucro (P/E), valor 43% abaixo da média histórica de 10 anos. Esse patamar reflete o ceticismo de investidores locais e estrangeiros, mesmo com resultados corporativos resilientes.

Embora a alta do Ibovespa tenha recuperado parte do terreno perdido, muitos papéis de qualidade continuam abaixo do preço justo, oferecendo potencial de valorização relevante para prazos médios e longos.

Setores atrativos para Value Investing em 2025

Alguns segmentos do mercado brasileiro se destacam pela combinação de múltiplos descontados e perspectivas de geração de caixa:

  • Energia e infraestrutura: Vibra (VBBR3) oferece dividend yield acima de 9% ao ano.
  • Real estate e fundos imobiliários: reação de 46,4% no ano, com ativos bem localizados e contratos indexados.
  • Indústria pesada: Vamos (VAMO3), Armac (ARML3) e Movida (MOVI3) beneficiadas pela retomada de investimentos.
  • Consumo básico e discricionário: Camil (CAML3), Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) com múltiplos atraentes.
  • Varejo farmacêutico: Pague Menos (PGMN3) e Panvel (PNVL3) crescem margens e caixa.
  • Siderurgia e metais: Gerdau (GGBR4) com perspectiva de demanda global firme.

Exemplos recentes e múltiplos de mercado

Confira abaixo uma seleção de empresas negociadas com descontos relevantes em 2025:

Esses números evidenciam o desconto significativo nos múltiplos de companhias com bom histórico de geração de caixa e potencial de recuperação.

Riscos e desafios

O ambiente de altos juros eleva o custo da dívida, especialmente para empresas alavancadas e do setor de consumo, limitando a expansão operacional.

A incerteza política e a necessidade de maior rigor fiscal seguem como obstáculos para uma reprecificação sustentável dos ativos.

Além disso, a elevada volatilidade exige visão de longo prazo e estômago para suportar oscilações bruscas, características comuns do mercado brasileiro.

Estratégias práticas para investidores

Para aproveitar as oportunidades de value investing no Brasil em 2025, considere as seguintes ações:

  • Diversificar entre setores de energia, indústria e consumo com empresas sólidas.
  • Combinar ativos de dividendos consistentes com papéis descontados.
  • Manter disciplina e paciência para aguardar a convergência de preço ao valor intrínseco.
  • Reinvestir proventos para potencializar o efeito dos juros compostos.

Outras oportunidades e abordagens

Além da seleção direta de ações, existem alternativas para reforçar sua carteira:

  • ETFs de value ou fundos fundamentalistas com gestão profissional.
  • Fundos imobiliários e ativos dolarizados para proteção cambial.
  • Setores em turnaround, beneficiados por eventual queda de juros ou melhora macroeconômica.

Conclusão

Em um ano marcado por cenários macroeconômicos complexos, o Brasil apresenta múltiplas brechas para o investidor voltado ao value investing. A combinação de juros altos, inflação controlada e ceticismo do mercado cria janelas de oportunidade para quem identifica empresas com fundamentos robustos e negociadas a preços descontados.

Com paciência, disciplina e análise criteriosa, é possível construir uma carteira capaz de gerar retornos acima da média, aproveitando a retomada de confiança e a valorização gradual dos ativos até o seu valor intrínseco.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes