O Open Banking, evolução natural do Open Finance, transformou radicalmente a forma como entendemos e utilizamos serviços financeiros no Brasil. Desde a implementação das primeiras fases regulatórias, clientes e empresas ganharam voz e mais opções, abrindo portas para soluções inovadoras.
Com o ecossistema se expandindo rapidamente, é fundamental compreender não apenas os números por trás desse crescimento, mas também os desdobramentos práticos que afetam o dia a dia de cada usuário, consumidor e empreendedor.
O conceito de Open Banking nasceu da necessidade de tornar o sistema financeiro mais transparente e competitivo. Regulamentado pelo Banco Central, o modelo exige que instituições compartilhem dados mediante consentimento do cliente, respeitando sempre a LGPD. Desde 2021, etapas sucessivas liberaram funcionalidades que hoje sustentam o compartilhamento de informações entre bancos, fintechs e outros agentes.
Essa dinâmica reforça que os usuários são verdadeiramente os donos dos dados, podendo autorizar ou revogar acessos a qualquer momento. Além disso, fortalece a confiança no sistema, pois toda ação é registrada, auditada e, sobretudo, realizada com transparência.
O crescimento acelerado do Open Finance no Brasil é evidente nos números. Em 2025, já ultrapassamos mais de 40 milhões de clientes com dados compartilhados, totalizando mais de 60 milhões de consentimentos ativos. Para ilustrar a evolução recente:
Esses resultados mostram que o caminho para adesão plena ainda reserva oportunidades, especialmente no segmento de pessoas jurídicas.
O avanço de funcionalidades continua intenso. Em 16 de junho de 2025, o Pix Automático será lançado, permitindo pagamentos recorrentes sem intervenção manual para contas de serviços, assinaturas e empréstimos. Essa implementação pode revolucionar o fluxo de caixa de empresas e a rotina de consumidores.
Além disso, a infraestrutura de governança evoluiu para garantir a qualidade dos dados compartilhados, abrindo caminho para soluções mais seguras e confiáveis.
A democratização do acesso a informações financeiras traz vantagens diretas para dois públicos principais: consumidores e pequenas e médias empresas. Clientes passam a receber produtos hiperpersonalizados e inovadores, com taxas e condições ajustadas ao histórico real de cada pessoa.
Para as PMEs, que empregam metade da força de trabalho nacional, a visibilidade sobre fluxo de caixa e histórico de transações significa inclusão financeira para PMEs e consumidores antes negligenciados. A comparação de ofertas de crédito e de serviços passa a ser feita em tempo real, estimulando melhores práticas e preços competitivos.
O ambiente se torna mais competitivo, reduzindo barreiras de entrada para fintechs e startups. Bancos consolidados precisam inovar constantemente para manter clientes. Atualmente, Nubank detém 25% dos consentimentos de PF, seguido por plataformas emergentes como Cloudwalk e Mercado Livre.
Essa nova realidade estimula a desburocratização de crédito e agilidade na tomada de decisões, além de fortalecer a governança robusta e compliance regulatório. Com APIs padronizadas, as instituições conseguem oferecer soluções de forma mais transparente e eficiente.
Apesar dos avanços, desafios ainda persistem. A adoção no segmento de empresas é baixa, exigindo campanhas de educação financeira que expliquem o valor do modelo. A interoperabilidade e padronização de APIs requerem esforços contínuos de desenvolvedores e reguladores.
Adicionalmente, a cibersegurança e a proteção da privacidade devem evoluir, mantendo os clientes seguros contra fraudes e uso indevido de dados. Nesse cenário, os consórcios de bancos e fintechs trabalham juntos para reforçar barreiras de defesa e processos de autorização.
O futuro é promissor: o Brasil já é considerado o maior Open Finance do mundo, com potencial de liderar globalmente em produtos, inovação e inclusão. Espera-se que novas jornadas de pagamento, portabilidade automatizada e integrações com serviços não financeiros – como saúde e mobilidade – marquem a próxima fase dessa revolução.
Para tirar o máximo proveito dessa transformação, consumidores e empresas devem manter-se informados, buscar parcerias com provedores confiáveis e revisar periodicamente consentimentos. Somente assim teremos um ecossistema cada vez mais dinâmico, adaptável e centrado nas pessoas.
O Open Banking não é apenas uma mudança tecnológica; é uma mudança de paradigma que coloca o cliente no centro das decisões. Ao manter o controle sobre seus dados e aproveitar soluções cada vez mais personalizadas, consumidores e empresas podem conquistar mais eficiência, segurança e oportunidades financeiras.
Prepare-se para um futuro onde os fluxos de informação aberta e colaborativa serão tão naturais quanto usar uma conta digital. O sistema financeiro está se remodelando e, com ele, nossa relação com o dinheiro e os serviços que o cercam.
Referências