Num contexto em que a economia digital se mostra cada vez mais integrada, as empresas de tecnologia brasileiras têm se destacado pela busca de novos horizontes e pela vontade de competir em escala global. A trajetória dessas companhias, que vão de startups nascentes a líderes consolidadas, reflete não apenas o potencial interno, mas também a capacidade de inovação frente aos desafios externos.
O Brasil, atualmente na décima posição no ranking mundial de investimentos em TI, mantém a sua liderança na América Latina e projeta um crescimento de 9,5% em 2025, acima da média global de 8,9%. Esse desempenho é sustentado por investimentos em infraestrutura digital, segurança cibernética e tecnologias emergentes, como IA generativa e redes autônomas.
Além disso, o país abriga mais de 19 mil startups em diferentes estágios: ideação, validação, tração e escala. Dentre elas, 16,2% já estão em fase de expansão, focando diretamente na internacionalização de produtos e serviços. Esse ecossistema vibrante se alimenta de parcerias acadêmicas, hubs de inovação e incentivos governamentais.
Segundo Jorge Sukarie Neto, conselheiro da ABES, “Brasil está no caminho certo para se tornar um dos principais polos tecnológicos do mundo”. Essa visão reforça a confiança de investidores locais e internacionais, consolidando o Brasil como destino estratégico para pesquisa e desenvolvimento.
Participar de feiras e eventos globais tem sido fundamental para a consolidação de laços com investidores, clientes e parceiros. A presença em missões internacionais, coordenadas por instituições como ApexBrasil e Sebrae, permite que empresas brasileiras ganhem visibilidade e confiança em mercados externos.
Preparar-se para um evento global envolve mais do que logística. É fundamental definir objetivos claros, treinar equipes para apresentar pitchs eficazes e mapear contatos prioritários. Empresas que acompanham calendários de incubadoras estrangeiras conseguem maximizar oportunidades e reduzir custos de participação.
A escolha de destinos como Portugal e Espanha, conhecidas por barreiras linguísticas e culturais mais amigáveis, facilita o primeiro passo rumo à Europa. Posteriormente, muitas empresas avançam para França, Reino Unido e demais países da União Europeia, consolidando presença e ajustando soluções às necessidades locais.
Para visualizar as oportunidades em cada mercado, é útil comparar as características de alguns países que se tornaram polos estratégicos para as empresas brasileiras:
Ao escolher um mercado, é preciso avaliar não apenas os aspectos culturais, mas também regimes tributários, custos de operação e potencial de parcerias locais. Ter um escritório filial ou contar com aceleradoras em solo estrangeiro pode acelerar a adaptação e a contratação de talentos.
A expansão global exige das empresas atenção a normativas, requisitos regulatórios e diversidade linguística. Adaptar produtos e serviços a diferentes legislações e atender às exigências de segurança e privacidade de dados são passos cruciais.
Uma questão recorrente é a proteção de ativos intangíveis, envolvendo patentes, marcas e segredos empresariais. Desenvolver políticas internas de governança e buscar registros internacionais antecipados evitam disputas judiciais e garantem maior tranquilidade ao expandir operações.
Além disso, adotar estratégias para adaptação técnica, como interfaces multilíngues e compatibilidade com padrões de mercado, faz a diferença na receptividade do público-alvo. Equipes multidisciplinares, com expertise local, contribuem para agilizar lançamentos e otimizar a experiência do usuário.
A polarização tecnológica entre EUA e China também impacta escolhas de fornecedores e padrões de interoperabilidade. O Brasil, ao adotar uma postura pragmática, negocia parcerias com ambos os polos e busca fornecedores alternativos para garantir autonomia estratégica.
Programas de desenvolvimento e internacionalização, oferecidos por entidades públicas e privadas, são essenciais para empresas que buscam consolidar presença no exterior. A atuação conjunta de instituições fortalece redes de contato e oferece recursos estratégicos.
Esses programas ajudam a mitigar riscos, viabilizar investimentos e acelerar o processo de internacionalização, tornando a jornada mais segura e estruturada.
Essas iniciativas complementam o ecossistema, promovendo a troca de conhecimento e fomentando alianças tecnológicas de longo prazo.
Ao ouvirmos empreendedores que já enfrentaram as barreiras globais, percebemos que o sonho de ser multinacional pode nascer junto com a própria ideia de negócio. “Criamos a empresa para ser multinacional desde o início”, conta Tiago, fundador de uma startup de software.
Outro exemplo de protagonismo é a delegação brasileira no MWC 2025. “A participação do Brasil no MWC 2025 reforça nosso papel de protagonistas no setor de software e TI, impulsionando a inovação, atraindo investimentos e gerando empregos qualificados”, afirma Ruben Delgado, presidente da Softex.
Essas histórias mostram que presença e networking global são alavancas poderosas. Aprender com erros, adaptar processos e investir em cultura de inovação formam a base para o sucesso além-fronteiras.
Uma startup de IA generativa conseguiu fechar contrato com uma universidade na Europa antes mesmo de receber investimento local. A chave do sucesso foi a adoção de uma cultura de experimentação e a busca por feedback contínuo de usuários internacionais.
O ambiente global segue dinâmico, com disputas tecnológicas entre grandes potências e emergências de novas plataformas digitais. Nesse cenário, o Brasil adota uma postura pragmática, buscando atrair investimentos de diferentes origens e desenvolver autonomia estratégica.
As tendências apontam para um crescimento contínuo de tecnologias como blockchain, computação quântica e internet das coisas. Empresas que já operam internacionalmente terão vantagem competitiva ao incorporar essas novidades em seus produtos e serviços, fortalecendo ainda mais a reputação brasileira no exterior.
Além da Europa, mercados emergentes na Ásia e na África têm mostrado interesse em soluções brasileiras, principalmente nas áreas de agritech e fintech. O Brasil pode explorar essas fronteiras para diversificar receitas e ampliar a influência global.
O caminho da internacionalização é desafiador, mas repleto de oportunidades para quem está disposto a inovar e aprender. Com o suporte de instituições, a participação ativa em eventos globais e a adoção de boas práticas de governança, as empresas de tecnologia do Brasil têm tudo para se tornarem referências mundiais.
Mais do que expandir mercados, esse processo fortalece o ecossistema nacional, gera empregos qualificados e posiciona o país como um verdadeiro polo de excelência tecnológica. Este é o momento de sonhar grande e atrever-se a cruzar fronteiras.
Para empreendedores iniciantes, o conselho é claro: comece a pensar global desde o primeiro dia. Desenvolva protótipos multilíngues, busque mentorias internacionais e participe de programas de pré-aceleração. A combinação de ambição e preparo técnico pode transformar uma ideia local em uma história de sucesso global.
Referências