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Empresas familiares investem em governança para captar recursos

Empresas familiares investem em governança para captar recursos

25/04/2025 - 15:41
Matheus Moraes
Empresas familiares investem em governança para captar recursos

As empresas familiares representam quase a totalidade do tecido empresarial no Brasil. Dados do IBGE apontam que 90% das empresas brasileiras são controladas por famílias, respondendo por cerca de 65% do PIB nacional e empregando 75% da força de trabalho.

Além do impacto econômico, essas organizações exercem um papel social fundamental, gerando empregos e fomentando o desenvolvimento local. No entanto, são poucos os casos em que ultrapassam a terceira geração, o que evidencia a necessidade de estruturas mais sólidas para garantir longevidade.

Por que investir em governança?

O cenário competitivo e as exigências do mercado de capitais tornaram a governança corporativa um diferencial estratégico. Ao adotar melhores práticas, empresas familiares conseguem:

  • Aumentar a transparência e a confiança junto a investidores e bancos
  • Facilitar o processo de sucessão e continuidade sem conflitos internos
  • Profissionalizar a gestão para suportar internacionalização e crescimento
  • Estimular a inovação e competitividade em ambientes desafiadores

Modelos e práticas de governança adotadas

Para estruturar a governança, as empresas têm recorrido a conselhos formais e protocolos familiares. Cerca de 55% das organizações pesquisadas participam de mais de dez reuniões de conselho de administração por ano, refletindo um compromisso com o planejamento estratégico.

Práticas cada vez mais comuns incluem:

  • Inclusão de membros independentes nos conselhos para visão externa
  • Separação clara entre gestão e propriedade para evitar conflitos de interesse
  • Protocolos familiares e canais formais de comunicação para resolução de impasses
  • Adoção de auditorias externas e alinhamento com padrões internacionais

Desafios na implementação de práticas

Embora os benefícios sejam claros, a jornada rumo a uma governança estruturada esbarra em barreiras culturais e operacionais:

  • Resistência à profissionalização por parte dos fundadores
  • Dificuldade em separar interesses familiares dos objetivos do negócio
  • Complexidade na adoção de normas formais em empresas menores
  • Necessidade de educar a família sobre direitos, deveres e responsabilidades

Resultados concretos e impacto

Empresas familiares que investem em governança relatam ganhos expressivos em performance e acesso a capital. A pesquisa do ACI Institute/KPMG (2022) constatou que organizações com estruturas consolidadas apresentam:

• Crescimento na receita e na lucratividade; • Maior facilidade para atrair fundos de investimento; • Ambiente interno de trabalho mais transparente, ampliando a retenção de talentos.

Esses resultados confirmam que o fortalecimento da governança não é apenas um custo adicional, mas um investimento com retorno mensurável em valor de mercado e resiliência frente a crises.

Perspectivas e tendências futuras

O movimento em direção a uma gestão mais profissional e transparente tende a se intensificar. Entre as principais tendências, destacam-se:

  • Integração de tecnologias digitais para governança remota e relatórios em tempo real
  • Parcerias público-privadas e redes de negócios para expansão de oportunidades
  • Enfoque em sustentabilidade e responsabilidade socioambiental como critério de atração de investidores

Em um ambiente globalizado, empresas familiares que abraçam essas inovações estarão mais bem posicionadas para acessar novas fontes de financiamento, garantir a perenidade dos negócios e fortalecer seu legado para as gerações futuras.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes