Em um cenário econômico volátil, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) surge como um termômetro essencial para entender a disposição das famílias em consumir bens e serviços.
Ao refletir tanto a avaliação do momento atual quanto as projeções para os próximos meses, esse indicador oferece pistas valiosas para investidores, empresários e formuladores de políticas públicas.
O Índice de Confiança do Consumidor é um indicador que mede o nível de otimismo ou pessimismo dos consumidores em relação à economia.
Por meio de pesquisas mensais, com perguntas dicotômicas sobre a percepção financeira e perspectivas futuras, o ICC avalia a situação atual e as expectativas dos consumidores.
Desde os anos 1990, a FecomercioSP adapta essa metodologia no Brasil, consolidando o ICC como uma das principais referências para monitorar o humor dos consumidores perante a economia.
O ICC é composto por dois subíndices complementares:
O cálculo é realizado mensalmente, com base em entrevistas diretas a milhares de pessoas. Em São Paulo, por exemplo, são realizadas cerca de 2.200 entrevistas, garantindo representatividade regional.
Em maio de 2025, o ICC nacional calculado pela FGV avançou 1,9 ponto, atingindo 86,7 pontos. Essa foi a terceira alta consecutiva após quedas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, indicando um fôlego inicial de recuperação.
O subíndice ISA subiu 2,9 pontos, chegando a 84,0, enquanto o IE teve crescimento de 1 ponto, alcançando 89,1.
No âmbito regional, em São Paulo o ICC chegou a 111,7 pontos em maio, alta de 0,6% frente ao mês anterior, mas ainda 11,6% abaixo do patamar de maio de 2024. Já o IEC paulista, relativo às expectativas, subiu 1,2% no mês, acumulando queda anual de 12,3%.
Embora a recuperação seja difundida entre todas as faixas de renda, o indicador permanece abaixo de 100, o que sugere um consumidor predominantemente pessimista.
Entender essas variações é crucial para empresas, que ajustam estoques e estratégias de marketing conforme o humor do público.
Diversos elementos contribuem para a oscilação da confiança do consumidor:
Esses fatores afetam a disposição das famílias para consumir, influenciando especialmente o crédito e os gastos em bens duráveis.
O ICC serve como referência em decisões governamentais:
Essa ampla aplicação faz do ICC um termômetro indispensável para o planejamento econômico em diversos setores.
O ICC é reconhecido como indicador antecedente, pois oscilações em sua trajetória costumam antecipar movimentos na economia real.
Ciclos de alta prolongada no índice geralmente precedem aumentos no consumo, investimentos empresariais e, consequentemente, no crescimento do PIB.
Por outro lado, quedas significativas no ICC indicam retração do consumo e maior cautela das famílias, o que pode sinalizar desacelerações futuras.
As projeções indicam um cenário de resiliência da atividade econômica, desde que o mercado de trabalho se mantenha aquecido e a inflação siga em trajetória de desaceleração.
No entanto, a continuidade de uma política monetária restritiva e os desafios fiscais do país trazem incertezas.
Especialistas acreditam que, se as condições atuais se mantiverem, o ICC poderá continuar em recuperação moderada, sinalizando maior dinamismo do consumo nos próximos trimestres.
O Índice de Confiança do Consumidor é mais do que um número: é um reflexo do sentimento das famílias diante do presente e do futuro.
Compreender suas variações permite a empresas e governos tomar decisões mais assertivas, contribuindo para a estabilidade e o crescimento econômico.
Ao acompanhar de perto o ICC, todos os agentes econômicos podem antecipar tendências e adaptar suas estratégias, preparando-se para os desafios e oportunidades que se avizinham.
Referências