O crédito consignado sempre foi visto como um recurso exclusivo a servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Mas, a transformação recente na legislação abriu caminhos para milhares de trabalhadores do setor privado e autônomos formalizados. Neste contexto, entender esse fenômeno é fundamental para quem busca soluções financeiras acessíveis e seguras.
Historicamente, o crédito consignado era restrito ao público com renda estável comprovada, principalmente porque as parcelas eram descontadas diretamente na folha de pagamento. Essa garantia permitia às instituições financeiras oferecer juros mais baixos e prazos mais longos.
Em março de 2025, a medida provisória que abriu o consignado ao setor privado trouxe uma expansão ao setor privado, alcançando colaboradores com carteira assinada, profissionais registrados como MEI e empregados domésticos e rurais. Essa mudança alterou profundamente o mercado de crédito brasileiro, permitindo que mais trabalhadores tivessem acesso a modalidades de crédito mais barato.
Com a nova regulamentação, o público formalizado, especialmente os MEI, passou a contar com a praticidade de contratar um empréstimo com desconto direto em folha ou em repasses mensais. Para muitos autônomos, isso representa uma quebra de barreiras que, até então, limitavam o acesso a financiamentos com taxas competitivas.
Até abril de 2025, o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital registrou mais de 29 milhões de simulações de empréstimo apenas no primeiro dia de vigência da medida provisória. Essa adesão inicial demonstra o apetite e a necessidade por crédito consignado acessível e seguro entre os trabalhadores.
Os dados mais recentes mostram um mercado em plena expansão. Desde março, já foram liberados mais de R$ 8,2 bilhões em crédito consignado para cerca de 1,5 milhão de empregados do regime CLT. Os números revelam a velocidade com que o setor está se adaptando:
O total de operações no setor privado já ultrapassa 3,8 milhões de contratos, com saldo de mais de R$ 40 bilhões. O governo federal projeta que, nos próximos quatro anos, até 25 milhões de trabalhadores poderão acessar esse produto, chegando a um público potencial de 47 milhões de formalizados.
Contratar o consignado é simples e recheado de garantias para o tomador:
Além disso, o tomador tem o direito de desistir da contratação em até sete dias, com devolução integral do valor, promovendo ainda mais segurança.
Um dos grandes atrativos do consignado sempre foi o custo reduzido em relação ao crédito pessoal (CDC). Esperava-se que as taxas para o consignado privado ficassem entre 6,5% e 7% ao mês. No entanto, em abril de 2025, a taxa média praticada atingiu 59,1% ao ano (aproximadamente 4,9% ao mês), segundo o Banco Central.
Esse reajuste deve-se ao dinamismo do mercado, à entrada de novos participantes e às expectativas de volume. Ainda assim, o consignado permanece competitivo em comparação a outras linhas de crédito, especialmente para quem consegue taxas ofertadas por grandes bancos públicos e privados, muitas vezes inferiores às do CDC.
A inclusão dos autônomos formalizados (MEI), motoristas de aplicativo, pequenos comerciantes e prestadores de serviços representa um marco. Esse público, historicamente excluído de linhas de crédito baratas, agora tem acesso a alternativas de financiamento mais justas.
Ao permitir que os profissionais informais migrem dívidas mais caras para o consignado, há potencial para redução do endividamento e estímulo ao consumo. Para o setor, isso significa um aumento na demanda por produtos e serviços, gerando reflexos positivos no PIB de curto prazo.
Apesar das vantagens, é fundamental que o trabalhador faça escolhas conscientes. O governo, por meio do Ministério do Trabalho, orienta que:
A falta de planejamento pode levar a problemas futuros, especialmente se o tomador não considerar fatores como estabilidade no emprego e flutuações de renda.
O crescimento do consignado entre trabalhadores autônomos sinaliza uma abertura do mercado financeiro que, até então, era restrita a nichos. Esse movimento pode gerar um ciclo virtuoso: mais acesso a crédito de qualidade, maior poder de consumo e estímulo ao crescimento econômico.
Em médio e longo prazo, espera-se que a concorrência entre bancos e fintechs reduza ainda mais as taxas e melhore as condições de contratação. A modernização dos canais de atendimento e a digitalização dos processos também prometem tornar o produto mais acessível e transparente.
Por fim, para os trabalhadores autônomos e formalizados, o momento é oportuno para revisar estratégias financeiras, migrar dívidas caras e planejar investimentos. Esse novo cenário abre portas para protagonismo econômico e para a construção de trajetórias de sucesso.
Referências