Nas últimas décadas, o agronegócio brasileiro deixou de ser apenas um componente da economia nacional para se tornar o principal motor do superávit comercial. Atualmente, as vendas externas do agro sustentam o equilíbrio da balança e garantem estabilidade diante de oscilações em outros setores. Entender esse fenômeno é fundamental para produtores, investidores e formuladores de política.
Em março de 2025, as vendas do agronegócio representaram impressionantes 53,6% do total exportado pelo Brasil, contra 50,3% em março de 2024. No primeiro trimestre, atingiram US$ 37,83 bilhões, 2,1% acima do mesmo período de 2024. Já entre janeiro e abril, alcançaram recorde histórico de US$ 52,7 bilhões, correspondendo a 49,2% das exportações nacionais.
Esses números refletem não só o volume, mas também o impacto de preços internacionais elevados. Mesmo com pequenas retrações nos embarques de certos produtos, a valorização no mercado externo elevou a receita global do setor.
O agronegócio brasileiro apresenta concentração em alguns produtos, mas também mostra avanços na diversificação. Em março de 2025, cinco itens responderam por 83,9% das exportações agropecuárias:
Produtos menos tradicionais, como óleo de milho, madeira compensada e sebo bovino, também tiveram destaque, sinalizando abertura de novas frentes comerciais.
O crescimento das exportações entre janeiro e abril de 2025 foi de 1,4% sobre o mesmo período de 2024. Em março, observou-se aumento de 10,2% no volume embarcado e de 2,1% no índice de preços. Esses avanços compensaram quedas pontuais, como a retração de 31,5% nas vendas de soja até fevereiro.
Apesar da redução de 4,4% no valor exportado até fevereiro de 2025 (US$ 22,22 bilhões) e do aumento de 12,5% nas importações agropecuárias (US$ 3,51 bilhões), o saldo comercial de US$ 18,71 bilhões manteve-se como o segundo maior patamar histórico para o período.
Para garantir a longo prazo competitividade, o Brasil vem ampliando sua pauta exportadora e adotando práticas sustentáveis. A década trouxe o dobro de exportações: de US$ 11,69 bilhões em 2016 para US$ 22,22 bilhões em 2025 (até fevereiro).
As tecnologias de precisão, a certificação ambiental e a pesquisa em melhoramento genético foram decisivas. Além disso, a inserção em mercados de alto valor agregado desdobra novas oportunidades:
Essas iniciativas não só aumentam a receita, mas também reforçam a imagem do Brasil como fornecedor responsável.
O agronegócio é hoje o esteio do superávit brasileiro. Seu desempenho robusto permite enfrentar crises setoriais e manter a saúde da balança comercial. Produtores e empreendedores devem aproveitar esse momento para adotar práticas inovadoras, investir em sustentabilidade e buscar novos mercados.
Ao alinhar tecnologia, responsabilidade socioambiental e estratégia de mercado, o setor continuará a ser protagonista no cenário global. O papel das exportações agrícolas não é apenas numérico, mas simbólico: representa a capacidade do Brasil de alimentar o mundo e de construir uma economia mais resiliente e próspera.
Referências