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Projeções do PIB influenciam decisões em fundos multimercado

Projeções do PIB influenciam decisões em fundos multimercado

23/07/2025 - 02:27
Fabio Henrique
Projeções do PIB influenciam decisões em fundos multimercado

O desempenho da economia brasileira, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), exerce papel central nas escolhas de alocação de recursos em fundos multimercado. Gestores ajustam posições de risco, definem exposições em moedas e certificados de renda fixa conforme revisões desses números.

Panorama das projeções do PIB para 2025-2026

Nos últimos meses, grandes instituições vêm revisando para cima as estimativas de crescimento do Brasil. O JP Morgan elevou sua projeção para 2025 de 1,9% para 2,3%, destacando o cenário externo favorável após acordo tarifário entre EUA e China e expansão da produção agrícola. Para 2026, o banco mantém 1,2%.

O FMI seguiu tendência semelhante, subindo de 2,0% para 2,3% para 2025, mas alerta para apoio fiscal mais restrito e aperto monetário em 2026. Já a pesquisa Focus do Banco Central aponta 2,14% para 2025 e 1,70% para o ano seguinte, enquanto o Ministério da Fazenda estima 2,4% para 2025 e 2,5% em 2026.

Uma comparação direta das previsões ilustra a dispersão entre fontes e reforça a importância de monitoramento constante:

Expectativas de inflação e trajetória dos juros

As revisões de PIB influenciam previsões de inflação. O IPCA para 2025 varia entre 5,20% e 5,50%, caindo para 4,50% em 2026, segundo diferentes levantamentos Focus. O centro da meta do BC é 3,0%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Na esteira dessas estimativas, a mediana da Selic chega a 14,75% no fim de 2025, recuando para 12,50% em 2026. O dólar, por sua vez, é projetado em R$ 5,80 em 2025 e R$ 5,90 em 2026. Essas variáveis são cruciais para gestores que buscam apostas em juros reais e ajustes de portfólio diante de condições financeiras globais mais rígidas.

Alocação de ativos e impacto das projeções

  • Renda variável nacional: cenários otimistas acima de 2% estimulam maior exposição a ações brasileiras.
  • Proteção cambial: posições compradas em dólar (83% das gestoras) oferecem hedge em momentos de volatilidade.
  • Juros reais: aumento de 13 pontos percentuais nas apostas em títulos indexados, aproveitando o carry trade.
  • Diversificação nos portfólios: inclusão de ativos de G10 e crédito privado para mitigar riscos locais.

Estratégias de gestores multimercado

Em pesquisa da XP realizada em janeiro de 2025, observou-se que gestores ajustaram suas tesourarias e carteiras diante das projeções de PIB:

  • 83% mantém posição comprada em dólar, refletindo cautela com eventual desvalorização do real.
  • 67% estão vendidas em real, enquanto 33% apostam em valorização cambial.
  • Ações brasileiras contam com 33% de posições compradas, contra 25% no trimestre anterior, mas ainda há 47% de gestoras neutras.
  • 60% estão compradas em ações dos EUA, demonstrando busca por segurança e exposição a mercados desenvolvidos.

Riscos externos e incertezas domésticas

Embora as projeções sejam positivas, gestores consideram diversos riscos ao formular cenários:

1. Tensões comerciais entre EUA e China podem reverter acordos tarifários, afetando exportações agrícolas.

2. Incerteza política interna e ajustes fiscais ameaçam a confiança de investidores, influenciando projeções macroeconômicas.

3. Volatilidade em commodities e possíveis recessões em economias desenvolvidas podem reduzir demanda e reverter expectativas de crescimento.

Conclusão: perspectivas e desafios

As constantes revisões de PIB revelam um ambiente econômico dinâmico, onde gestores de fundos multimercado precisam equilibrar tensão comercial global e cenário interno ao definir alocações. Expectativas de crescimento acima de 2% em 2025 criam espaço para maior apetite por risco, mas a volatilidade cambial e indicadores de inflação impõem cautela.

Para os próximos meses, será fundamental acompanhar não só os números de PIB e IPCA, mas também decisões de política monetária e fiscal. A diversificação estratégica e a flexibilidade de rebalanceamento contínuo emergem como ferramentas essenciais para navegar em cenários de crescimento econômico consistente e incertezas permanentes.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

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