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Desafios na adoção institucional de criptoativos

Desafios na adoção institucional de criptoativos

27/07/2025 - 14:05
Fabio Henrique
Desafios na adoção institucional de criptoativos

A jornada rumo à adoção institucional de criptoativos reflete uma transformação profunda no setor financeiro. Instituições globais e brasileiras caminham lado a lado na construção de um mercado mais robusto, porém repleto de obstáculos que exigem soluções criativas e colaborativas.

Panorama da adoção institucional

A adoção de ativos digitais por empresas, bancos e fundos cresce de forma acelerada, impulsionada pela investimento institucional em Bitcoin e cripto que registrou alta de 130% no Brasil em doze meses. Esse movimento supera a média global de 60% e destaca o país como um ambiente fértil para inovação.

Dados recentes apontam que o interesse não se limita ao varejo: investidores de alto patrimônio e grandes gestores têm ampliado suas exposições, diversificando portfólios e incorporando tecnologias de blockchain. Essa evolução reflete um ecossistema em rápida maturação, que demanda uma base regulatória sólida e infraestrutura segura.

Principais pilares para o avanço

A consolidação desse mercado depende de elementos-chave que garantam segurança e confiança:

  • Clareza regulatória e redução de riscos: definir regras claras sobre classificação de tokens e obrigações de compliance.
  • Participação de instituições financeiras: fundos, bancos e gestoras agregam legitimidade e escala ao setor.
  • Inovação tecnológica e plataformas seguras: soluções robustas de custódia e compliance facilitam operações.

Esses três pilares se nutrem mutuamente. Uma regulação bem estruturada estimula investimentos, enquanto a oferta de serviços tecnológicos adequados atrai novos players.

Desafios centrais no cenário brasileiro

Marco Legal dos Ativos Virtuais entrou em vigor em junho de 2023, conferindo ao Banco Central e à CVM atribuições definidas. A classificação de empresas como instituições de pagamento abriu caminho para produtos inovadores, porém também exigiu adaptações rigorosas em processos de AML e KYC.

Ainda assim, a ausência de uma padronização global de normas regulares gera incertezas para empresas multinacionais. Exigências divergentes entre jurisdições criam obstáculos operacionais e custos adicionais, dificultando a expansão internacional de serviços.

Riscos de segurança e fraudes

Com a entrada de grandes investidores, as ameaças cibernéticas tornam-se mais sofisticadas. Hacks em corretoras e soluções seguras para custódia se mostram diferenciais competitivos. Seguros de ativos digitais e auditorias independentes ganham destaque como mecanismos de proteção.

Além disso, a educação contínua de equipes e clientes institucionais é fundamental para mitigar riscos de engenharia social e ataques internos. A evolução de padrões de segurança e certificações especializadas desempenha papel crucial nesse contexto.

Volatilidade e gestão de risco

O mercado de criptoativos é notório pela volatilidade acentuada por movimentos institucionais. Flutuações bruscas podem comprometer lucros e gerar prejuízos significativos para tesourarias corporativas, especialmente em cenários de instabilidade macroeconômica.

Para contornar essa realidade, gestores institucionais adotam políticas de hedge, controles de liquidez e modelos quantitativos de avaliação de risco. Ferramentas de derivativos e contratos futuros são cada vez mais utilizadas para proteger portfólios.

Integração com finanças tradicionais

A convergência entre sistemas financeiros tradicionais e digitais exige adaptação de infraestrutura e processos. Sistemas legados precisam ser interoperáveis com APIs de blockchain, enquanto equipes de compliance se capacitam em auditoria de contratos inteligentes.

Educar departamentos jurídicos e fiscais sobre a natureza dos tokens, bem como alinhar expectativas dos reguladores, torna-se um diferencial para instituições que buscam assumir uma posição de liderança nesse ecossistema híbrido.

Percepção pública e governança

Pressões de reputação obrigam as empresas a reforçar a transparência e governança ESG. Relatórios claros sobre políticas de investimento, impacto ambiental e práticas sociais ganham relevância na avaliação de stakeholders e clientes.

Comunicação aberta, relatórios auditáveis e participação em fóruns públicos contribuem para consolidar uma imagem de responsabilidade, mitigando receios da sociedade em relação aos ativos digitais.

Avanços e oportunidades

O Brasil desponta como vanguarda regulatória na América Latina. Lançamentos de stablecoins atreladas ao real, como BTGDOL, e ofertas de produtos institucionais, como o Binance Wealth, aceleram a maturidade do setor.

Ferramentas como MetaMask Institutional e custodians especializados facilitam o onboarding de grandes players. A tokenização de títulos, imóveis e commodities abre novas fronteiras de investimento, enquanto soluções de finanças descentralizadas ganham tração no mercado institucional.

Cenário global e comparativo

Países desenvolvidos seguem ritmos diversos de regulação. Nos EUA, propostas de regras para exchanges ganham atenção do Congresso; na Europa, a MiCA define parâmetros únicos para cripto. Contudo, a falta de harmonia entre essas iniciativas impõe desafios a corporações com atuação multinacional.

Perspectivas futuras

Até 2025, projeta-se que 8% da população mundial tenha contato com ativos digitais, impulsionada pela tokenização de ativos e finanças descentralizadas. A tendência aponta para um cenário onde grandes instituições conciliam receitas tradicionais com inovações em blockchain.

A contínua evolução de soluções de custódia, o aprimoramento dos marcos regulatórios e a integração entre integração entre TradFi e DeFi institucional fortalecerão a resiliência do setor, criando um ambiente propício para investidores de todos os perfis.

Embora os desafios sejam inúmeros, o momento atual representa uma oportunidade histórica para consolidar um mercado de criptoativos mais seguro, transparente e escalável. Com parcerias estratégicas, investimentos em tecnologia e diálogo construtivo entre reguladores e participantes, a adoção institucional poderá atingir novos patamares de maturidade e confiança.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique